sábado, 11 de dezembro de 2010

Caixas de papelão.

Caixas de papelão vazias esperavam para serem preenchidas com a minha vida. O que eu estava esperando? Precisava arrumar tudo! Mas cadê a coragem? Lembranças de um tempo bom invadiram a minha mente, e eu perdi as poucas forças que tinha. Sentei no chão, tombei a cabeça para trás e coloquei os fones de ouvido. Minha mãe logo me gritaria, perguntando pelas caixas. Pelo menos eu não ouviria. Esperaria ela vir até mim, me puxar pelo braço e esfregar meu nariz naquelas malditas caixas de papelão. Resolvi me concentrar nas lembranças... Pelo menos elas me fariam chorar de felicidade. Lembrei-me dos dias mais loucos, guiados ao som de músicas não tão culturais e conversas não tão construtivas. Lembrei-me das tardes sentada à mesa da minha sala escrevendo com um certo amigo escritor. Lembrei-me das tardes e noites gastando dinheiro no shopping com uma certa amiga consumista. Lembrei-me das manhãs, tardes e noites de consolo recíproco com uma certa amiga confusa. Lembrei-me da noite de beijos ao som de MPB... Lembranças lindas que não poderiam ser guardas naquelas caixas de papelão. Eu estava fazendo um esforço enorme para aceitar o fato de que eu teria que guardá-las numa caixa separada, pois aquelas lembranças pertenciam a um tempo o qual não me pertencia mais. Um tempo que já havia passado, e que não poderia ser prolongado. Minha mãe me mandou parar de drama, afinal eu não estava morrendo, e sim apenas me mudando. Pois bem. Afinal, o que são quinhentos quilômetros? Coisa insignificante! Só seis horas de carro, dez de ônibus e quarenta minutos de avião. Besteirinha de nada. Mas pensando bem, é sim uma besteirinha de nada. Pior seria se eu estivesse realmente morrendo. Deus me livre pé de pato, bangalô três vezes! As boas lembranças que naquele momento me consolavam não precisariam ser guardadas. Muito pelo contrário. Elas serviriam para me ajudar a continuar firme pelo novo caminho. Distâncias físicas são sim insignificantes. Eu não vou perder os meus amigos por causa de quinhentos quilômetros, ou vou?! Duvido que vá! E essas lembranças também servirão para eu ter a certeza de que, mesmo que tudo dê errado, eu irei tê-los sempre ao meu lado. Então nada de choro, desespero ou melodrama. Levantei, arrumei e selei as caixas, enxuguei as lágrimas e sorri esperançosa. Afinal, Vitória da Conquista é logo ali, há quinhentos quilômetros!

Quebra-molas, desvios e placas!


Odeio quebra-molas, desvios e placas! Quebra-molas sempre nos acorda quando estamos naquele sono bom de carro. Desvios sempre nos levam a estradas esburacadas. Placas sempre nos deixam ansiosos e nos dão más notícias. Então volto a afirmar: odeio quebra-molas, odeio desvios e odeio placas! Quebra-molas nos obrigam a reduzir a velocidade, nos obrigam a prestar atenção nos detalhes, nos obrigam a ser cuidadosos. Não se pode viver a vida intensamente com quebra-molas! Desvios são muito ruins, apesar de parecerem bons. Eles nos tiram do caminho que não queremos seguir, mas nos levam a caminhos que não devemos seguir. No final das contas, você acaba fazendo besteira do mesmo jeito! Mas acho que o pior são as placas. Elas nos dão as coordenadas da aproximação de um lugar o qual não queremos ir nem estar. Elas nos mostram o quão errados estamos no caminho. Elas nos mandam reduzir a velocidade. Elas nos impõem suas vontades. ‘Vitória da Conquista há 500 km’, me disse uma placa certa vez. Pra quê eu queria saber? Não já estava indo pra lá de qualquer jeito? Ora bolas! Distâncias são coisas tão insignificantes... O que são quinhentos quilômetros? Nada. Absolutamente nada! Quinhentos quilômetros apenas são a medida de um caminho cheio de quebra-molas, desvios e placas. E eu odeio quebra-molas, desvios e placas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Perfeição.


Que tal se todo mundo tivesse, realmente, a tampa da sua panela? Que tal se ninguém sofresse por amor? Que tal se não houvesse pobreza nem violência? Que tal se o mundo fosse perfeito? Mas o que é ‘ser’ perfeito? O que é perfeito pra mim pode não ser perfeito pra você. Loiro dos olhos azuis não é o meu tipo, mas é o seu? É o de muita gente. Rico (a), famoso (a) e sexy pode ser a tudo que alguém deseja como parceiro(a). Então a perfeição é formada por desejos? E se os desejos são diferente entre todos, a perfeição também será. Ou não? O que forma a perfeição é um conjunto de desejos, que, na maioria das vezes, não estão reunidos num só elemento. ‘Então deve ser por isso que a perfeição não existe, certo?’. Não, ela existe, só não vende na farmácia. E o mais legal de tudo isso: a perfeição às vezes cansa, porque tudo na vida cansa. Então pra quê buscar a perfeição?! É simples: comodidade.

Vida


Virtudes, ilusões, dúvidas e amor. Por que viver, uma ação simples e involuntária, se torna tão complicado? Por que fazemos de nossas melhores virtudes os nossos maiores pecados? Por que preferimos a ilusão da vontade do que a percepção da felicidade? Por que nos enchemos de dúvidas se as certezas nos são enfiadas pelos ouvidos? E por que diabos o amor nos faz sofrer, se ele é o mais belo dos sentimentos? ‘Mas que tempestade num copo d’água!’, sempre me dizem, ‘Largue de lamúria e vá viver a vida!’. Logo visualizei: a vida era o copo e a tempestade era o amor e todos os seus sintomas. Ri e resolvi me afogar naquele copo.