sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cores do dia.

            Hoje eu acordei sabendo que o dia iria ser belo. Olhei pela janela e o céu estava azul infinito. Levantei feliz e fui até o jardim apreciar as flores. As rosas estavam lindamente vermelhas a cor da paixão, do sangue. Olhei para o céu mais uma vez, nuvens se aproximavam. Nuvens brancas que me transmitiam uma paz intensa. E o dia seguiu calmo. Às oito da noite vesti a camisa com as cores do dia e rezei. Às dez da noite recebi a confirmação de que o dia realmente fora belo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Disfarce não tão perfeito - Parceria com Thais Sampaio


            Ela estava dormindo tão profundamente que eu fiquei com pena de acordar para me despedir. O que eu estava fazendo ali? Eu havia dormido com a minha melhor amiga. Um detalhe: na noite anterior eu era um gay!
            Me arrepender das coisas não era do meu feitio, e eu não estava nem perto do que se chama arrependimento. Eu tinha gostado. E muito! Certo, eu era gay, supostamente. Era um excelente disfarce: eu conquistava todas. Mas nunca me imaginei naquela situação. Ela acreditava que eu era gay. Pelo menos agora eu poderia parar de fingir, certo?! Tanto disfarce, tanto trabalho, tanta preocupação para eu me apaixonar e estragar tudo. eu tinha certeza de que fazer o papel de alguém apaixonado ia acabar me levando para caminhos que eu não queria. E no final, eu acabei me apaixonando de verdade.
            Enfim, já estava vestido e caminhando até a porta. O apartamento estava intacto, como sempre. Cheirava a rosas. Stela cheirava a rosas. Achei as chaves do meu carro em cima da mesa do telefone e abri a porta. Quase morri de susto. Era o namorado dela.
            - Mário Augusto! – gritei.
            - Luiz Otávio! – ele gritou, me abraçando. – Cadê a Stela?
            Engasguei e procurei uma desculpa plausível para ele não ir no quarto. Tudo bem, ele achava que eu era gay, mas ele não era burro. E que diabos ele estava fazendo ali?
            - O congresso não iria durar uma semana?  - perguntei.
            - A Suíça estava fria e eu senti falta da minha Stela. – ele pôs a mão no bolso. – Trouxe um presente para ela. Vê o que você acha.
            Mário Augusto tirou uma caixinha preta do bolso. Era um anel. Fudeu!
            - Nossa! Uma caixa! Tem o que dentro? – ri nervoso.
            - Pretendo casar, né? O que mais seria? – riu.
            Comecei a pegar meu celular. Até onde minha lembrança ia o da Stela estava do lado dela, no criado-mudo, como de costume. Liguei para ela. Ouvi a musiquinha do Mário (Sim, o do Nitendo!). Esperava desesperadamente que ela acordasse.
            - O celular está tocando. – o namorado tolo observou. Quase ofereci um Nobel por ela.
            - É, espera, vou atrás dele. – uma ótima desculpa.
            Corri antes que ele se convidasse a me acompanhar. Entrei no quarto bruscamente. Stela estava acordada e nua. Quase esqueci o que fui fazer ali.
            - Levanta, se veste e vai pra sala com cara de nada. Ou de sono. Tanto faz. – falei jogando um roupão. – Seu namorado está te esperando para te pedir em casamento.
            - Hã?!
            Olhei para ela, seus cabelos negros caídos sobre seus ombros nus. Respirei fundo.
            - Mário Augusto está na sala. – falei pegando meu casaco no chão. – Eu estou indo.
            - E nós? – perguntou confusa.
            - Nós somos nós, pra sempre. – ri com o canto da boca.
            - Você volta? – ela perguntou tentando parecer confortável.
            - Eu sempre voltarei pra você. É inevitável.
            - Você fala como se isso fosse ruim.
            - Pode não ser bom. – ri novamente. – Mas eu não ligo.
            - Eu gosto de você.
            - Vá logo.
            - Você vai ficar por perto?  - ela me ignorou.
            - Sim. – sorrindo disse.
            - Mesmo? – e mordeu os lábios.
            - Nada me convence de que estou longe de você, mesmo que eu esteja a milhas de distância. Coisas do coração… Quem entende! – a beijei e saí.
           

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ressaca divina ! - Parceria com Evelin Beatriz e Anna Luiza Melo


            Acabei de acordar, mas minha cabeça estava pesada demais para se afastar do travesseiro. É, eu estava de ressaca. Não exatamente por ter me “acabado” a noite toda. É, talvez eu tenha me acabado. Mas, e daí? Tudo o que foi dito e feito agora estava sendo digerido, juntamente ao álcool, pelo meu organismo. Eu levei o fora? Nem lembro. Não lembro nem como consegui esse hematoma no joelho! Na verdade nem me lembro como cheguei em casa. Será que o modo como cheguei te haver com o hematoma? Oh! Achei outro no braço. Pode ser que o gatinho não era tão fofo e educado assim… Na verdade estava mais para leão, hein? (Eu, com certeza, ainda estou sob o efeito da bebida!).
            Que dia é hoje?
            “PEEEEN!”
            Domingo! Com certeza são os meus pais na porta. E agora?!
            Poxa, mas eu sou lerda mesmo! Não poderia pensar sobre tudo isso que acabei de expressar tentando me curar dessa ressaca? Ah, mas meus pais poderiam ter algo para fazer ao invés de vir aqui todo domingo. Esqueci que eles realmente não têm nada a fazer. Droga!
            Eu deveria estar tão mal quanto me sentia. Credo! Parecia que eu tinha dormido em uma lata de lixo (Não que eu estivesse fedendo!). Corro e tento parecer doente. Sim, porque, para meus pais, é melhor ter AIDS do que estar bêbada. Que arcaicos!
            Passando rapidamente pelo lavabo e engolindo pasta líquida, consegui alcançar a porta sem quebrar nada. Abri-a de vez e me engasguei com o ar.
            - Dimitri!
Me virei rapidamente, tentando me recompor, e tinha um cara lindo, loiro, vindo
na minha direção. Quem era ele e o que ele estava fazendo no meu apartamento?
            - Não sabia que você estava acompanhada. – Dimitri falou batendo a porta.
            Fiquei assustada, mas feliz. Dá uma olhada no que eu consegui bêbada! Sóbria só arranjava caras problemáticos, como o Dimitri. Ressaca divina!
            Ops! Esqueci do Dimitri. Espera aí, eu tenho que esquecer o Dimitri! Perdoar um fora daqueles quando se tem um loiro lindo de cueca zanzando na sua casa? Eu acho que não, hein!
            Agora só sobrava uma questão importante.
            - Qual o seu nome mesmo? – minha voz saiu rouca, ou não saiu. Culpa da bebida, ok?!
            - Caio. Não lembra, gata? O irmão da Luana. – ele me falou levantando as sobrancelhas. – Você estava meio doida mesmo ontem à noite. Mas é que você insistiu tanto…
            Claro! E daí?
            Luana? Ah! A garota do príncipe maluco. Nossa, que irmão gostoso! Ouvi Dimitri abrir a porta do elevador. Uma parte de mim queria correr atrás dele. Que se dane! Um loiro gostoso sorria para mim. E muito provavelmente a parte que queria correr atrás do meu ex estava BÊBADA! Me voltei para o Caio e pedi que esperasse eu me livrar do inconveniente. Eu ia acabar indo atrás do idiota do Dimitri de qualquer jeito! E a melhor parte: ele estava ouvindo tudo! O que foi uma mão na roda, claro, pois me livrei dele mais rápido. Oun tadinho… só não corri atrás dele porque estava de camisola.
            Mentira!
            Ham?! Eu estava de camisola, com a cara amassada e de ressaca na frente do caio… Que beleza! O que foi revelador, pois o meu vestido sufocante não estava nem a vista. E eu levei quinze minutos para conseguir colocá-lo na noite anterior! Mas por que eu me importava? Eu casaria com o substituto de deus grego sem hesitar!
            Passei pelo Caio e fui para o quarto. Ele me seguiu e, de repente, eu nem sabia mais quem era Dimitri.